domingo, 1 de julho de 2012

through the glass

Inocente? Eu não lhe chamaria isso. Era uma felicidade diferente da que ela estava acostumada a viver que lhe batia à porta. E a epidemia de uma vida monótona esgotou-a. Não a censuro, fazia a mesma coisa se pudesse. Quem pode amar sem ser amado em troca, na verdade? No fim de contas, precisamos de zelar por nós próprios.

E as conversas subjetivas e sem nexo abriam uma porta para a realidade que ela era. Lógica. Racional.  E o humor negro e as perguntas que a imortalizavam sem resposta para dar conduziam-na a um auge de irritação perfeitamente admirado. Porém, acima de tudo, o que a deixava deveras fora de si era o ar de convencido que ele emanava.

E corria para ouvir a música que a fazia lembrar dele, quando dava na rádio. Não imaginava qualquer conto de fadas que pudesse surgir daquela história precipitada. Ambos não faziam juras em comum. Não valia a pena, não valia o tempo.

Todavia recusar ir ao céu ou rejeitar ser sereia acarreta consequências; ela tinha consciência disso desde o início.

E foi eterno enquanto durou!


www.youtube.com/watch?v=GIzDsGyxsQM

terça-feira, 24 de janeiro de 2012

« O que queres que faças na vida, será insignificante. Mas é muito importante que o faças, porque mais ninguém o fará. Como quando alguém entra na tua vida, e metade de ti diz que não está preparado. Mas a outra metade diz: faz com que ela seja tua para sempre. »

in, Remember me

Porque não há almas gémeas; há timing perfeito. Porque as pessoas de quem vais gostar mais serão aquelas que mais odiaste no início. Porque há pessoas que sofrem do mesmo que tu e nem te apercebes disso. Porque uma força maior faz com que avances, mas o medo de errar novamente suplica-te a parares e a seres racional. Porque sabes que não te podes afeiçoar a ninguém. Porque já viveste algo parecido, mas tens a perfeita consciência que desta vez foi diferente. Porque ele tocou no teu ponto mais fraco e insististe em resistir. Então, pede-lhe. Pede-lhe que te salve da loucura novamente. E não te esqueças de respirar esta noite. Respira, respira e lembra-te dele enquanto adormeces. Porque tu ainda acreditas em algo bonito.


2012-01-24

sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

Sobre mim.

Não gosto de bares com fumo, porque não gosto do cheiro a tabaco. Aliás, dispenso que fumem ao meu lado. Gosto do Outono; de sentir as folhas a serem reduzidas a pó debaixo dos meus pés. Gosto de chocolate. Gosto do cheiro a café, da Aloe Vera. Venero o Mickey Mouse. Sou frágil. Sou fria. Não tenho sensibilidade para temas dramáticos. Não sou românica, apenas quando é necessário. Dispenso lamechices. Invejo os olhos do Jorge Guilherme. Sou directa e posso magoar. Não gosto de ausências. Gosto da liberdade. Não tolero erros ortográficos. Recordo as memórias, todavia não invoco o passado. Adoro a National Geographic. Considero as formigas animais extraordinários. Sou fascinada por crocodilos. Tenho teorias. Admiro o Shakespeare. Sou orgulhosa. Sou rigorosa. Sou reservada. Não crio amizades com facilidade. Tenho consciência da realidade e isso não me assusta. Tenho medo a relações e uma aversão a compromisso amorosos. Sou louca, sou poeta, sou apaixonada. Adoro o meu cão. Odeio gatos (só gosto do Moisés!). Gosto de rock & metal, sou metaleira e com orgulho. Adoro fotografia. Odeio que me ignorem. Não gosto que me olhem de alto a baixo. Não gosto que comentem o que trago vestido. Não gosto que opinem sobre a minha vida. Gosto de me deprimir. Odeio que me perguntem o que tenho. Gosto de amizades fortes. Gosto que lutem por mim. Gosto que cuidem de mim. Gosto que me abracem! Gosto que me sussurrem ao ouvido. Adoro rosas, principalmente as vermelhas. Gosto de ver desenhos animados. Gosto do rosa choque e branco. Não gosto da cor laranja. Gosto de correr, de sentir o vento a bater na cara. Gosto de andar descalça na relva. Gosto de música. Gosto de sonhar. Adoro falar com o Pedro Cavaleiro; ele e o Jorge Guilherme são os únicos que me compreendem! Gosto da noite, gosto da chuva e de a ouvir a cair lá fora. Gosto do cheiro do pinhal. Gosto do mar e do barulho das ondas a bater nas rochas. Gosto de teatro. Gosto do meu canto. Gosto de conversas científicas. Adoro biologia. Gosto de jogar sims. É-me indiferente que falem bem ou mal de mim. Não gosto que mexam nas minhas coisas. Gosto de escrever. Gosto de ler. Gosto da Língua Portuguesa. Gosto de ouvir Inglês. Gosto de frases com sentido e força. Gosto da verdade. Não gosto de traições. Não gosto de ser a rapariga que tem de sentir o silêncio, ele grita a verdade, pelo que não duvido da força que nele reside. Errei e aprendi com isso.
E faz de mim um ser inconsciente enquanto durmo.

2012-01-06

domingo, 27 de novembro de 2011

Pede. Implora. Oferece tudo o que tens.

          A incompreensão adquire um lugar inferior. Calo. Sinto. Apreendo. Deixo a minha mente divagar. Aos poucos sinto a pulsação a regressar à normalidade. 
          Eu lembro-me quando disse que não era nada sem ti e, em certa parte, eu estava certa. Embora a outra não sobrevivesse com a tua ausência. Desvaneceu até desaparecer totalmente.
          Deveria tê-lo feito, mesmo que tu não gostasses. Porque era esse o meu dever como tua namorada. Proteger-te. Ajudar a levantar-te da queda. Fazer erguer-te a cabeça e mostrar-te onde estavas a errar. Eu falhei. Falhei como namorada. Falhei como amiga.
          Fui egoísta, cruel. Deveria ter colocado de parte o orgulho e ter-me sacrificado por ti, por nós. Deveria ter deixado ficar para trás a amargura e a raiva que me consumiam. Falhei e peço desculpa por isso.
          Porque há coisas que ficaram por dizer, por contar, por esclarecer, por rir.
          Mas eu não posso exigir uma coisa pela qual não lutei. Eu não posso implorar para que as coisas voltem ao que eram, quando parte de mim desistiu. Eu não posso afirmar que a esperança é a última a morrer. Porque tu nem oportunidade tiveste para te justificares, embora em contrapartida soubesses como eu reagiria em situações semelhantes.
          Todavia, e se eu te disser que vou lutar? E se eu desse ou oferecesse tudo o que tenho para voltar a estar a teu lado? E se eu te confessar que olho todas as noites para o que fomos? E se eu te disser que quero voltar? O que tu farias?

E agora, eu suplico que me venhas salvar de novo; prometo que não voltarei a fugir de ti. Porque tudo o que desejei foste tu!
 





2011-11-26

sábado, 15 de outubro de 2011

           Ele falara-me, porém eu não respondera. Estava tão absorta a contemplar a sua beleza, apercebendo-me que ele era cada vez mais bonito à medida que o tempo passava. A sua voz ecoava na minha cabeça como uma célebre cena mítica de hipnotismo. E o cheiro que ele emanava seduzia-me de imediato. 
           Ele era o típico homem prefeito! O homem dos sonhos de qualquer jovem. Bonito. Sedutor. Atraente. Cativante. Inteligente.
           Não fazia promessas. Talvez porque uma vez ousamos falar que tais eram palavras pelo vento. Ele sabia que o tempo voava e aproveitava tudo quanto podia ao máximo. E tinha a prefeita noção que o meu ontem tinha sido o melhor dia da minha vida e, como tal, tencionava repetir.
           Ele era o simbólico parte corações e eu estava ciente disso. Sabia com o que podia contar. Esperava tudo dele; estava preparada para qualquer acto ruim vindo da sua parte. Contudo, não doía e isso não me provocava a tal sensação de tristeza profunda, porque eu não o amava incondicionalmente. E lá vinha aquela impressão de não pertencer a lugar algum ou de não ter um lugar para onde voltar.
           Pensava que nada me poderia fazer recordá-lo! Porém fora uma hipótese inútil, em vão. Porque uma música, uma palavra uma hora do dia, um gesto ou um lugar remontam-nos para o nosso passado mais saliente; tal como ele. E se eu antes não tinha nada que me fizesse pensar nele, hoje tenho! 
           E o que mais me faz odiá-lo é o facto de perder tanto tempo a pensar nele.
2011-09-18

domingo, 9 de outubro de 2011

                      E cada nota afinada dessa música abala-te o coração, pois tens noção da crueldade. Da tua crueldade.
                      Mas onde tinhas a cabeça, actriz de teatro? Pensavas que podias dar conta do recado? Que podias amar um e tentar adorar a outro? Meu amor, tu não podias representar os dois papéis ao mesmo tempo num só palco.
                      Todavia, preferiste remar contra a maré. Preferiste dar um tiro no escuro. Preferiste cair sozinha sem conselho algum. E nesse momento rezavas para que a tua morte chegasse rápido e imploravas a Deus que o guiasse enquanto não estivesses por perto. E tu tiveste tanta sorte, actriz de teatro! Mesmo magoado ele levantou-te. Teve essa ousadia. Foi algo nobre. Louvável. Notável.
                      E se se alterassem os papéis? Se te fosse incumbido representar o papel dele? Que farias tu, actriz de teatro? Fugias, decerto. Acabarias por entrar em modo suspenso. Desligando por completo. Porque tu és fraca demais para aguentares com uma dor igual à que ofereceste.
                      Então, branda aos céus e orgulha-te daquilo que tens hoje! Tiveste tanta sorte, actriz de teatro, tanta sorte. Porém louvo-te: não gritaste, não choraste, não pediste ajuda.
                      Até teria sido uma bela história de amor, caso Shakespeare não tivesse escrito Romeu e Julieta.
                      E dói-te. Dói-te cada vez mais à medida que a música se aproxima do seu auge, dado que descobres mais um pedacinho que completa a tua crueldade. Elevando-a a um estado ainda maior.
                      E agora diz-me: foi necessária uma música, que ele te mostrou, por acaso, para mudar a tua vida? Para te abrir os olhos à realidade, actriz de teatro?

The Last Fight
2011-05-09

domingo, 2 de outubro de 2011

Se sabes que te magoa, porque insistes em lembrar? Se sabias com o que podias contar, porque te prendeste a um futuro incerto? Se sabias que ele não tinha valor algum, porque seguiste em frente e criaste esperanças impossíveis? Se sabias que não ganharias mais do que a diversão de uma noite, porque te arriscaste a tal? Já não tinhas nada a ganhar! E existia um pressentimento de que teria sido melhor ele não ter regressado, visto que foram oportunidades deitadas ao ar e levadas pelo vento. Oportunidades que tu querias aproveitar e ele deixou escapar pelas mãos.  
Porém, tu foste forte e admiro-te por tal. Talvez ainda mais por teres tido a coragem de o olhar nos olhos, dizendo-lhe já foi, deixa morrer. E o medo patente nos seus olhos ao ouvir isso, fora maior do que todo o teu desprezo por ele.
E não choraste! Provavelmente porque não o amavas na totalidade, ou até mesmo nem chegasse um dia perto disso. E esse sentimento anulou toda a dor que poderias vir a sentir. Era-te indiferente!
E ele nem a consciência tem das palavras que dissera em vão.

  2011-10-01