Inocente? Eu não lhe chamaria isso. Era uma felicidade diferente da que ela estava acostumada a viver que lhe batia à porta. E a epidemia de uma vida monótona esgotou-a. Não a censuro, fazia a mesma coisa se pudesse. Quem pode amar sem ser amado em troca, na verdade? No fim de contas, precisamos de zelar por nós próprios.
E as conversas subjetivas e sem nexo abriam uma porta para a realidade que ela era. Lógica. Racional. E o humor negro e as perguntas que a imortalizavam sem resposta para dar conduziam-na a um auge de irritação perfeitamente admirado. Porém, acima de tudo, o que a deixava deveras fora de si era o ar de convencido que ele emanava.
E corria para ouvir a música que a fazia lembrar dele, quando dava na rádio. Não imaginava qualquer conto de fadas que pudesse surgir daquela história precipitada. Ambos não faziam juras em comum. Não valia a pena, não valia o tempo.
Todavia recusar ir ao céu ou rejeitar ser sereia acarreta consequências; ela tinha consciência disso desde o início.

